quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Os celulares

A cena é comum nos dias de hoje: reuniões sociais e profissionais, nas quais as pessoas ficam grande parte do tempo conectadas aos seus telefones móveis.
Quando chegam aos lugares, vão logo depositando à mesa o acessório e a partir daí, fica dividida a atenção. É um olho no ambiente e outro na tela do aparelho.
Parece até que tem um poder magnético, pois as pessoas são capazes de olhar mais para ele do que umas para as outras.
Estando sozinhos, a impressão que se tem é que o referido instrumento é capaz de fazer companhia ao indivíduo, substituindo a presença física de um amigo.
Quando funcionavam simplesmente como telefones não eram tão invasivos, mas hoje o seu uso está muito ampliado. Na ânsia de nos mantermos conectados com o mundo, por vezes, nos esquecemos de quem está ao nosso lado.
Priorizamos a necessidade de receber uma notícia importante, de enviar ou receber alguma mensagem ou fazer consulta para esclarecer dúvidas.
São os novos hábitos sociais.
Infelizmente, eles partem as pessoas ao meio. Metade do indivíduo fica presente e a outra metade fica ligada ao aparelho e a tudo que ele proporciona.
Temos consciência de que todo progresso tecnológico, quando empregado para o bem, traz alegria e conforto à humanidade.
São muitas as facilidades que essa nova tecnologia nos possibilita e abrir mão delas está fora de questão.
A reflexão é no sentido de utilizá-la da forma mais conveniente, com moderação e respeito aos que nos cercam.
É certo que esses aparelhos, que estão facilmente ao nosso alcance, nos trazem informações necessárias. Mas, devemos ter cuidado para que eles não interfiram em momentos fundamentais aos relacionamentos.
Estejamos atentos à forma como temos utilizado esses recursos.
Não deixemos jamais de valorizar a companhia de quem está ao nosso lado, de olhar nos olhos durante um diálogo, de escutar o outro com atenção, de se fazer presente e curtir o momento em que estamos vivendo essa ou aquela situação.
Procuremos não dar maior importância a esses aparelhos, em detrimento da atenção que possamos oferecer a quem está próximo de nós.
Os momentos passam e não voltam. Todos eles são importantes para fortalecer os vínculos afetivos que existem nos relacionamentos.
As mensagens, pesquisas, informações e tudo mais, muitas vezes, podem esperar.
Qualquer processo de reeducação é sempre mais trabalhoso do que a educação pura e simples, pois implica em deixarmos hábitos enraizados e substituí-los por outros.
Se já nos deixamos levar por esses costumes inadequados, busquemos modificá-los.
Nessa época de tecnologia avançada e de cibernética, trabalhemos em nós mesmos a capacidade de vivenciar integralmente os relacionamentos pessoais.
Busquemos desligarmo-nos do que está distante para valorizarmos e nos ligarmos verdadeiramente em quem está conosco aqui, agora.
Aproveitemos cada minuto com os amores, os afetos. Isso é insubstituível e poderá não se repetir.

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