quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Perdão x Desculpas

O pedido de desculpas é apenas a manifestação do arrependimento, ou deveria ser. No caso de um pedido apenas para interromper o fluxo de uma possível discussão ou mesmo de uma confrontação, a validade é ZERO, a meu ver. Porém, aquele "DESCULPA TÁ?" que vem do entendimento que errou, há de ser acatado, sim, mas não quer dizer que você esqueceu, que vai passar a vida sofrendo pelos erros de alguém e ouvindo "Desculpa , tá?" e respondendo: "Tá, até a próxima..."

Então entra aqui o PERDÃO. Afinal, que sentimento tão enaltecido é esse? Que coisa mais nobre!!!! Será? Será nobre ou humano? Creio em ambos, porque seria maravilhoso se os humanos fossem, por natureza, nobres.

Nobre, no Aurélio, é definido como: "...que é de natureza ilustre." Entende-se por "Ilustre", no mesmo dicionário: "Que se destaca por qualidades notáveis". 
Então, perdoar seria mesmo algo de pessoas especias?? Não creio, creio que seja a reação mais digna diante do arrependimento sincero. Porém, há de se notar a enorme diferença entre perdoar e desculpar. 

Foi ai que errei. Falei, mas não expliquei, e pareceu que simplesmente não valorizei. Então vou explicar, da forma que vejo a situação: "Querida, perdoo, porque amo, porque consigo entender as motivações, porque é você, porque você é quem é e merece meu respeito, e portanto, meu entendimento, o qual gera o meu perdão. Porém, NÃO DESCULPO, porque sofri e não fui acariciado para amenizar, porque chorei e não tive minhas lágrimas secas por carinhos, porque fiquei perplexo e não tive nenhuma explicação, porque sou quem sou e você é quem é e não aceito que aconteça mais entre nós coisas dessa natureza.

Perdôo porque também errei muito, me desculpei várias vezes, porém não ouvi nem não nem sim. Nem mesmo isso que estou te dizendo. E foi daí que tirei que a simples frase TÁ DESCULPADO que você esperava ouvir não tem sentido nenhum. Pois não há de desculpar, há de perdoar ou não, e isso redime. Quem erra é responsável pelo teu erro e deve, por respeito e reconhecimento do erro, desculpar-se, porém, quem é ferido continua ferido, mesmo perdoando ou desculpando ou mesmo entendendo. A ferida continua doendo, e pra essa dor, só mesmo o carinho, o amor. Nenhum pedido de desculpa vai fazer com que cesse a dor. Pode amenizá-la, pois nosso orgulho, mesmo que escondidinho, fica acarinhado, mas isso é passageiro.

Então, me vem o véu do esclarecimento do porque não sou capaz de desculpar. Em alguns casos porque as pessoas parecem achar que se te dão um presente, se te fazem um carinho, se são boas com você, após algum incidente no qual te magoam, estão automaticamente redimidas. De onde saiu essa ideia, pelo menos para mim, torta, não sei.

A bondade para com quem amamos e mais ainda para quem nos ama, não passa de uma quase obrigação/reação. Presentes, de preferência fora das datas comerciais, dentro de datas personalizadas, ou mesmo sem data, simplesmente aquele "Vi e achei tua cara" são sinais de afeto, de lembrança, de carinho, de "você é importante para mim". Carinhos são palavras ditas com as mãos, com os lábios, com o corpo. Ser BOM para com todos e principalmente para com os mais próximos, aqueles que fazem diferença em tua vida, aqueles que realmente se importam com você, é sinal de respeito e normalidade, só. 

Porque as pessoas insistem em deixar a melhor louça guardada para as visitas???Porque não usar o nosso mais bonito, nossa melhor parte dentro de nossa casa? Porque muitos insistem em ser os bonzinhos do pedaço, e "desabafam" em casa, ainda sob argumentos: "Mas, puxa, aqui posso ser eu mesmo, afinal temos intimidade para isso, né???" Não queridos, não é não. Intimidade deveria gerar respeito e a vontade de mostrar o nosso melhor. Inclusive a vontade de perdoar de coração mesmo eventuais erros já que também não somos perfeitos e vamos precisar do perdão de alguém algum dia, não é?

Que tal usarmos tudo de melhor para os nossos afetos, na intimidade. Porque guardar as melhores roupas para trabalhar, o perfume para as reuniões e Cursos, as palavras bem escolhidas para os colegas de profissão, sob a desculpa de que podemos ser autênticos com os que amamos, e nos amam. Será que isso não é uma forma de desamor? Pensemos...

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