A
tolerância é uma virtude ainda rara na atualidade.
Ela
permite viver em harmonia junto a quem pensa e age de forma diferente.
Não se
trata apenas de suportar um modo distinto de ver e entender a vida.
O
exercício da tolerância engloba também o esforço em perceber o que possa haver
de admirável na conduta alheia, especialmente quando difere da nossa.
Mesmo
perante equívocos, não criticar gratuitamente, pelo simples gosto de denegrir.
Por
certo, a título de ser tolerante não vale adotar conduta omissa e conivente.
Na
defesa de um bem maior, de um inocente, do patrimônio público, não é lícito
deixar de agir.
Mas
ainda aí é preciso ter não apenas energia, mas também doçura, para não se
converter em um carrasco.
Muitas
pessoas se angustiam porque seus amores não lhes compartilham os ideais.
Incontáveis
pais estimariam que seus filhos tivessem padrão de conduta mais digno.
Entre
esposos, costuma haver descompasso no entendimento de questões capitais da
existência.
Essa
dificuldade em compreender o ritmo alheio se manifesta em incontáveis setores.
Às
vezes, notícias sobre determinados crimes despertam o desejo generalizado de
exterminar os seus responsáveis.
Notícias
de desmandos na política produzem grande desencanto.
Tem-se
a sensação de que a Humanidade está perdida e de que nada mais há para fazer.
Entretanto,
embora de forma lenta, tudo se aprimora.
Os
seres de grande virtude, cujos atos tanto encantam, igualmente cometeram erros
em sua jornada.
Assim,
o desencanto e o esmorecimento traduzem incompreensão dos mecanismos superiores
da vida.
Certamente
não é possível e nem desejável alegrar-se perante indignidades de qualquer
ordem.
Mas é
necessário compreender que cada criatura tem o seu ritmo e o seu momento de
transformação.
Aos
equivocados, é necessário exemplificar o bem, mas sem violências e arrogância.
Não
vale ser conivente e omisso, mas também não cabe a imposição das próprias
idéias.
Se
criaturas difíceis estão presentes em sua vida, há uma razão para isso.
Na
grande oficina da vida, você foi considerado digno do bom combate.
Os
levianos e rudes são os mais necessitados de amor.
Afinal, os sãos não necessitam de remédio.
Se os
valores cristãos iluminam o seu íntimo, alegre-se.
Exemplifique-os
mediante uma vida laboriosa e digna.
Mas não
os imponha a ninguém.
Afinal,
Deus a todos assegura o livre arbítrio e pacientemente espera o lento
desabrochar das virtudes.
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