domingo, 24 de dezembro de 2017

Hoje, o hoje !!

Viverei hoje como se fosse meu último dia. E agora o que farei com este último e precioso dia que resta em meu poder?
Primeiro tamparei o vidro para que nenhuma gota se derrame na areia. Não desperdiçarei um momento sequer velando os infortúnios do ontem, as derrotas do ontem, as dores do coração do ontem, pois por que deveria eu relegar o bem ao mal? Poderá a areia escorrer do chão para a taça do tempo? Levantar-se-á o sol de onde se põe e se porá de onde se levanta? Posso eu reviver os erros do ontem e corrigi-los? Posso eu chamar de volta os ferimentos do ontem e cura-los? Posso eu tornar-me mais jovem do que era ontem? Posso eu retirar o mal que foi pronunciado, os socos que foram desferidos, a dor que foi causada? Não. O ontem está enterrado para sempre e nele não mais pensarei.
Viverei hoje como se fosse meu último dia. E agora o que farei? Esquecendo o ontem também não pensarei no futuro. Por que deveria eu relegar o agora ao talvez? Pode a areia do amanhã escorrer para a taça antes do hoje? Levantar-se-á o sol duas vezes esta manhã? Posso eu executar os feitos do amanhã enquanto estiver na trilha do hoje? Posso eu colocar o ouro do amanhã na bolsa do hoje?
Pode a criança do amanhã nascer hoje? Pode a morte do amanhã lançar suas sombras de volta e enegrecer a alegria do hoje? Deveria eu preocupar-me com os eventos que talvez jamais testemunhe? Deveria eu atormentar-me com os problemas que talvez venha a ter? Não! O amanhã está enterrado com o ontem e nele não mais pensarei.
Viverei hoje como se fosse meu último dia. Este dia é tudo o que tenho e estas horas são agora a minha eternidade. Saúdo este nascer do sol com gritos de alegria, como um prisioneiro que é aliviado da sentença de morte. Ergo meus braços em gratidão por esta dádiva sem preço: um novo dia. Da mesma maneira, levarei a mão ao peito em gratidão ao pensar naqueles que não mais estarão entre os vivos. Sou realmente um afortunado e as horas do hoje não são senão um bônus imerecido. Por que me permitir viver este dia extra quando outros, muito melhores do que eu, já morreram? Será que eles realizaram seus propósitos enquanto o meu ainda está por alcançar? Será esta uma outra oportunidade para que eu me torne o homem que poderei ser? Há um propósito na natureza? Será este o meu dia de vencer?
Viverei hoje como se fosse meu último dia. Não tenho senão uma vida e a vida não é nada senão uma medida de tempo. Ao perder um, destruo o outro. Se desperdiçar o hoje, destruo a última página de minha vida. Velarei, portanto, em cada hora deste dia, pois ele jamais poderá voltar. Ela não pode ser depositada hoje para ser retirada amanhã, pois quem pode burlar o vento? Agarrarei com as duas mãos e acariciarei com amor cada minuto deste dia, pois seu valor é sem preço. Que moribundo pode comprar outro fôlego, embora, de bom grado, dê todo o seu ouro? Que preço ouso fixar para as horas adiante de mim? Eu as farei inestimáveis!
Viverei hoje como se fosse meu último dia. Evitarei com fúria os desperdiçadores de tempo. A Procrastinação destruirei com ações; a dúvida enterrarei sob a fé; o medo desmembrarei com confiança. Onde houver bocas ociosas não ouvirei nada; onde houver corpos ociosos não visitarei. De hoje em diante, sei que cortejar a ociosidade é roubar alimento, roupa e calor daqueles que amo.
Não sou ladrão. Sou um homem de amor e hoje é minha última oportunidade de provar meu amor e minha grandeza.
Viverei hoje como se fosse meu último dia. Cumprirei hoje os deveres de hoje. Hoje acariciarei meus filhos enquanto são jovens; amanhã eles partirão e eu também. Hoje abraçarei minha mulher com doces beijos; amanhã ela partirá e eu também. Hoje ajudarei um amigo em necessidade; amanhã ele não mais gritará por ajuda, nem eu ouvirei seus gritos. Hoje me entregarei ao sacrifício e ao trabalho; amanhã não terei nada para entregar e nem haverá ninguém para receber.
Viverei hoje como se fosse meu último dia. E se for será meu maior monumento. Farei deste o melhor dia de minha vida.
Beberei a cada minuto à sua plenitude. Provarei seu sabor e agradecerei aos céus. Farei valer todas as horas e negociarei cada minuto somente por alguma coisa de valor. Trabalharei mais arduamente do que jamais trabalhei e forçarei meus músculos até que chorem de dor, e então prosseguirei. Farei até mais visitas do que antes. Venderei mais mercadorias do que jamais vendi antes. Ganharei mais ouro do que jamais ganhei antes. Cada minuto do dia de hoje será mais frutífero do que as horas do dia de ontem. Meu último dia deve ser meu melhor dia.
Viverei hoje como se fosse meu último dia. E, se não for, cairei de joelhos e agradecerei aos céus.


 Pergaminho número cinco - Og Mandino

Nenhum comentário:

Postar um comentário