domingo, 25 de maio de 2014

Misantropia

Embora seja mais conhecido pelo termo “anti-social” – o que é um erro. – o comportamento de pessoas que normalmente tem uma enorme aversão ao convívio social, por vezes, sentindo literalmente, PRAZER na solidão ou na simples reclusão, ainda que temporária, é conhecido por MISANTROPIA.
É sem dúvidas para a maioria, um termo novo. Contudo, é bem mais comum do que se pensa.
Eu, um misantropo “clássico”, posso tranquilamente avaliar outros em igual condição, pois me conheço suficientemente bem – claro que não na totalidade. – para saber o que sinto, penso e como observo o mundo.

Para começo de conversa, o misantropo NÃO É necessariamente uma pessoa triste ou infeliz; embora possa vir a ocorrer ocasionalmente (O que pode acontecer até com os “filantropos”).

O misantropo na grande maioria dos casos é uma pessoa bastante feliz, que é marcado pela extrema seletividade na socialização, sendo, portanto, pessoas com poucos amigos e com ainda menor atividade social. O misantropo é um indivíduo que sente mais prazer na reclusão do que no convívio social com outras pessoas, sendo que, na maioria dos casos, muitas pessoas, ou ambientes muito barulhentos com uma grande quantidade de pessoas podem lhe ser terrivelmente incômodo; ou seja, o que difere o misantropo de uma pessoa “filantropa” ou apenas com uma socialização normal – preste atenção aqui. – É a sua fonte de prazer, enquanto as pessoas mais sociáveis tendem a sentir prazer na participação e interação social, o misantropo tende a sentir prazer no seu negativo, na prática, na reclusão, no afastamento.
Misantropia NÃO É uma doença, nem um distúrbio, mas apenas um padrão comportamental, como muitos outros, não existe tratamento, e, penso eu, que nem deveria existir um; pois, reintero: NÃO É DOENÇA, E O MISANTROPO É QUASE SEMPRE UMA PESSOA FELIZ.
Por ser extremamente caseiro e reservado, o misantropo têm uma enorme tendência em ser uma pessoa reflexiva e observadora; normalmente utiliza-se de ironias para se referir a grupos de pessoas, pessoas ou situações. O Misantropo normalmente prefere gastar seu tempo com atividades literárias, ou o misantropo moderno, que muitas vezes é confundido com os geeks, que são os nerds de computador, muito envolvidos com informática e TI.
O Misantropo normalmente NÃO POSSUI comportamentos bizarros em relação a outras pessoas; o que torna muito difícil, ou quase impossível reconhecer a um olhar superficial, passando sempre por uma pessoa comum como qualquer outra. – o que de fato ele é.
O Misantropo NÃO GOSTA que o tratem como uma pessoa infeliz, ele é apenas uma pessoa reservada.
Agora que sabemos o que o misantropo NÃO É, vamos ver o que ele realmente é.
Segundo Von Rückert (2012), 
A misantropia é, uma característica de personalidade, como a timidez, a introspecção, a extrospecção. Também, em geral, não é uma atitude refletida e deliberada. É algo inerente à pessoa, como parte do seu temperamento, do mesmo modo que há quem seja nervoso, fleumático, preguiçoso, colérico. Mas pode ser modificada, por esforço pessoal consciente. Em alguns casos também pode ser uma atitude filosoficamente assumida por decisão própria.
Sendo assim, concluímos que o misantropo É uma pessoa tímida e/ou introspectiva;
Os Misantropos tendem a ser descontraídos com outras pessoas, apenas quando em pequenos grupos ou com pessoas muito conhecidas e próximas. – isto, devido à seletividade com a qual ele lida com as pessoas as quais ele considera próximas. Normalmente são muito perfeccionistas no que gostam de fazer e no que se comprometem a fazer.  Olham para todas as pessoas com uma desconfiança, é frequente serem feitos "juízos de cálculo" de cada um que se aproxime, embora muitas vezes não o demonstrem. São pessoas que não gostam de grande agitação ao seu redor. Têm uma interpretação muito própria de tudo aquilo que vêem e de tudo aquilo que lhes é dito pelas outras pessoas. O misantropo por preferir o isolamento, só participa de eventos sociais ou tende a se socializar quando extremamente necessário, sendo muito pragmático quanto às pessoas a sua volta; sempre tende a observar as situações de envolvimento social com um ponto de vista teleológico, procurando sempre os objetivos de tal participação; como normalmente festas, baladas ou reuniões e confraternizações são para meros fins de diversão ou descontração, normalmente o misantropo as vê como eventos sem utilidade ou pouco atrativos – parte-se aqui da premissa de que a fonte de prazer do misantropo é a reclusão. – visto que, ao seus olhos não emergem como “geradores de felicidade”.
Como Michalany e Ramos (1970, p.32) ao nos explicar a visão platônico-aristotélica da finalidade da vida humana, nos diz que, o objetivo último da vida é a “felicidade”. Como a socialização não é o seu objeto de prazer, o misantropo não tende a incluí-la mais do que o necessário nos seus objetivos de vida.


12 comentários:

  1. Adorei seu texto! Sou exatamente assim! Gosto de ficar sozinha e não gosto de festas e visitas na minha casa e sou muitl condenada por isso. As pessoas não entendem que o meu prazer esta na minha reclusão e a sociedade impoe que set feliz e ter muitos amigos, sair para beber todo final de semana, ir para as festas etc. Isso para mim é um terror! E o pior meu marido é completamente diferente ele ama festas e visitantes em nossa casa. Sofro muito por ser assim. Sofremos preconceito e somos ridicularizados. Deviam falar mais sobre esse assunto. Eu mesma não sabia que isso era normal achava que era doente! Estava nesse momento procurando uma cura ou tentando entender porque sou assim. Valeu e divulgue mais!

    ResponderExcluir
  2. Obrigada pelo esclarecimento. ;) Infelizmente, tudo o que difere da maioria é visto como condenável pela sociedade. Não necessariamente misantropia indica tristeza ou depressão. Há alguns meses venho pesquisando sobre misantropia, e no início eu tive uma visão negativa sobre o assunto, mas ao me aprofundar percebi que trata-se simplesmente de uma característica incomum, e que, infelizmente, até nós mesmos num certo momento, influenciados pela maioria, passamos a nos olhar com maus olhos. Passamos a acatar os julgamentos e a acreditar nas asneiras que os outros falam de nós. Já tive momentos piores por conta dessa condição, hoje já lido melhor com isso.

    ResponderExcluir
  3. ATÉ Q EMFIM ACHEI A RESPOSTA Q EU PROCURAVA!

    SEMPRE ACHEI Q ERA UMA PESSOA ANORMAL ,E DIFERENTE DAS OUTRAS P GOSTAR DE M ISOLAR MAS SEMPRE M SENTI DE BEM COMIGO MESMA,ATÉ ACHEI Q ERA LOUCA P SER ASSIM!

    SÓ Q NUNCA OBTIVE UMA RESPOSTA P ESSE TIPO DE COMPORTAMENTO ,ATÉ LER ESSA MATÉRIA.
    AGORA SEI OQ EU SOU.
    OBRIGADO,

    ResponderExcluir
  4. Eu não sabia quer era misantropo , até que vim pesquisa, e tudo que você disse eu sou assim, não gosto de ter amigos, sla , só odeio mt coisa nessa sociedade e as pessoas, não confio em quase ngm e gosto de fica mt sozinho e tals, vlw agr eu sei o e isso é não é anormal

    ResponderExcluir
  5. Eu já cheguei a achar até que era uma psicopata! Agora, lendo esse artigo fico mais tranquila! Sabe, eu não tenho amigos. Só colegas de profissão. E às vezes se torna insuportável conviver com eles! Tenho vontade de não voltar mais ao trabalho, somente pra não olhar na cara deles! Confraternizações? Odeio! É muita falsidade cara! Festa? Balada? Deus me livre! Detesto aglomeração de gente! E gente mal educada eu tenho vontade de gritar! DEUS me proteja da humanidade!!!

    ResponderExcluir
  6. Depois de ler vários artigos finalmente descobri aos meus 32 anos, oque realmente acontecia comigo, e porque eu era do jeito que sou. Isso tirou um grande peso da minha consciência e me deu uma alegria tão grande em saber que existem mesmo pessoas iguais a mim. Eu sempre tive um grande pesar em imaginar que não havia lugar para mim em nenhum grupo social, quando na verdade, eu ele sempre existiu aqui comigo mesmo.

    ResponderExcluir
  7. Adorei o artigo,sou bem assim como descrito, não odeio as pessoas apenas não sinto prazer em estar socializando a todo tempo.
    Tenho amigos, gosto dos familiares,mas não gosto e não quero participar de festas e reuniões de familia, e isso não significa que não os ame, simplesmente forçar-me a isso me deixa infeliz.
    Obrigada pelo texto!

    ResponderExcluir
  8. Sou exatamente assim, como descrito no texto. Nunca havia lido uma definição, descrição de misantropia. Tentei por décadas me enquadrar no comum, porque ser diferente do comum causa estranheza nos outros e essa reação dos outros causava um incômodo em mim. Vou aproveitar minha maturidade independência e assumir-me misantropa de vez.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. 35 anos ! Enfim parece faz sentido ...
      Festas,baladas ,aniversários,reuniões evangelicas,grupos na faculdade ,Campo de concentração.
      Trabalho tortura ver as mesmas faces todo os dias..
      Jogar futebol já foi a conexão com a coletividade...
      Pensar em a acionar o mecanismo que coloque uns 1000 kl de uranio enriquecido au 235 em ficçao nuclear e um sonho.. pesadelo é a obrigação de trabalhos em grupos na faculdade...
      No entanto aprendi a respeitar os humanos....

      Excluir
    2. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
  9. Achei algo que se encaixa comigo já que antes meu adjetivo era o anti social mas agora sei que apenas não me prendo as babaquices que a maioria idolatra mas priorizo o que é realmente necessário para mim.

    ResponderExcluir
  10. Acho q me tornei, com o tempo, um misântropo. Fico indignado com a histórica insensatez e estupidez humanas. Isso teria me tornado extremamente seletivo e recluso, por não perceber em volta qtde relevante de pessoas justas, justas de fato, não de aparência. Me tornei um ermitão e intensifiquei muito meu interesse por assuntos Filosóficos e Científicos, em busca de explicações às minhas convicções antagônicas aos deuses antropomórficos, cruéis. Não por ateismo, mas por não encontrar na maioria das religiões estabelecidas algo q estivesse dimensionado adequadamente com o real tamanho de Deus, seja o que ou quem for, diante de um Universo Cosmológico tão vasto. Estaria mais pra uma visão agnóstica, teista, eu diria. A minha reclusão veio do fato de ser, "por DNA", muito observador e pragmático. Quando estacionam na vaga do idoso, surrupiam o dinheiro do dízimo, pensam em si na razao 1 por 100 em relação ao próximo, me faz perceber que a bestialidade insana é uma realidade invencível. Viria talvez, desde os primórdios da evolução humana, antes mesmo dos Caçadores e Coletores. Parece ser um instinto animal que ainda existe hoje e os direciona, ao estilo Darwin, a preservar a sobrevivência. Se isso tudo é ser Misantropia, creio que não é um defeito ou problema de saúde que mereça um CID, mas sim uma evolução à média medíocre desta população que faz este mundo tão injusto e desigual. Estes tipos de pessoas não fazem mal algum ao planeta, ao contrário, sao os indgnados com os que fazem.

    ResponderExcluir